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Vamos falar sobre Pensamento Ruminativo

  • Foto do escritor: Carina Rodrigues Nave
    Carina Rodrigues Nave
  • 16 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Todos nós, em algum momento, nos envolvemos num padrão de pensamentos negativos circular e que sentimos como incontrolável. Especialmente nos dias que vivemos atualmente, será de esperar que cada vez mais isto nos aconteça, não só porque estamos sujeitos a maiores níveis de stress e ansiedade, mas também porque temos mais tempo

para pensar sobre as nossas preocupações.



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O que é o Pensamento ruminativo?


Na verdade, quando o nosso pensamento se torna ruminativo, nós estamos a insistir em pensar e em ficar focados em dificuldades e coisas que nos afligem. Ou a pensar repetidamente em acontecimentos do passado. Ou a preocuparmo-nos com algo e não conseguir tirar isso da nossa cabeça. Ou seja, o pensamento ruminativo é, na verdade, uma estratégia que aprendemos para tentar lidar com os nossos problemas, dificuldades e preocupações.


O pensamento runimativo é normal?


Sim, até certo ponto todos ruminamos ou pensamos nos nossos problemas. Pensar nos nossos problemas pode até ser útil, especialmente se chegarmos a uma solução e a colocarmos em prática. Na maioria das vezes, e para a maioria das pessoas, a ruminação é limitada no tempo. Paramos de ruminar quando o problema é resolvido. Ora, embora a ruminação seja normal, usá-la como estratégia de forma excessiva pode sim tornar-se problemático.


O que transforma o pensamento ruminativo num problema?


A ruminação, quando é desajustada, tende a concentrar-se nas causas e consequências em vez de nas soluções para o problema. Dizemos para nós mesmos coisas como "o que é que eu fiz para merecer isso?", ou "a minha vida nunca vai melhorar?", em vez de coisas como "o que é que eu posso fazer para melhorar a minha vida?". Portanto, a ruminação tende a concentrar-se nos aspetos negativos, no que correu mal, e pode conduzir-nos a pensamentos muito negativos. Quando é usada em excesso, a ruminação pode levar à depressão ou ajudar a manter um episódio de depressão. Pode levar-nos à inatividade e a tentar evitar a solução para os problemas.


Quando insistimos em pensar sobre um problema, podemos levar-nos a dois tipos de resultados diferentes:


  1. Ou ficamos presos num loop de pensamentos negativos que nos causam sofrimento, do tipo “o que é que se passa comigo para que isto continue sempre a acontecer?” à porque é que estas coisas me acontecem sempre a mim? à o que é que eu fiz para merecer isto?

  2. Ou conseguimos resolver a questão, pensando em formas possíveis para resolver o problema e agir com base nas opções que escolhi e que me podem ajudar a resolver o problema.


O primeiro final possível para esta “história” traduz-se num tipo de ruminação que é negativa, desajustada e completamente inútil para nós. Este tipo de pensamento ruminativo foca-se mais nos “porquês” – é um modo de pensar avaliativo – porque este tipo de questões ajuda a avaliar o significado daquela experiência que estamos a viver. São questões que nos fazem ficar mais focados no problema em sim, e não na solução.


O segundo final, por sua vez, foca-se nos “como” – neste caso, é um modo de pensar focado no processo – porque estas questões nos ajudam a focar nas possibilidades de soluções para as nossas dificuldades, preocupações, problemas.


Uma dica para quem, nesta fase, dá por si preso neste loop de pensamentos inúteis: que tal começar por tornarmos mais consciente os momentos em que ruminamos de forma negativa? Desafio-vos a fazer um diário!


Sempre que derem por vocês presos neste ciclo vicioso, parem um pouco para refletir sobre isso. Anotem num papel qual foi a situação ou o acontecimento ou o fator (seja qual for) que desencadeou esse pensamento ruminativo – “o que é que estava a acontecer imediatamente antes de começar a ruminar?” Anotem também que emoções estavam a sentir – “como é que eu me estava a sentir quando comecei a ruminar? E de 0 a 100, quão fortes eram essas emoções?”. Anotem ainda quais foram os vossos pensamentos ruminativos - procurem quais foram os vossos “porquês”. “como” e “o quê” e procurem perceber se estavam a tentar resolver o problema. Por últimos, anotem quais foram as consequências de se envolverem neste tipo de pensamento ruminativo – “como é que a ruminação me afetou? Como é que afetou o meu humor e aquilo que estou a sentir? Eu decidi manter-me focado nos meus pensamentos ruminativos ou decidi abandoná-los? Como é que eu me senti enquanto estava a ruminar? E como me senti depois? Consegui resolver o problema?”.


Este desafio vai, com certeza, ajudar-vos a detetar com mais facilidade quando começam a ficar presos no ciclo da preocupação e com certeza mais facilmente conseguirão ajudar-se a vocês mesmo a sair da ruminação e a pensar sobre os problemas e dificuldades de uma forma mais útil.


Experimentem!

 
 
 

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