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Vamos falar sobre Mindfulness

  • Foto do escritor: Carina Rodrigues Nave
    Carina Rodrigues Nave
  • 10 de abr. de 2020
  • 4 min de leitura

Aprender e praticar mindfulness pode ajudar-nos a colocar de lado as preocupações e voltar ao momento presente. Por exemplo, focarmo-nos no movimento suave da nossa respiração ou nos sons que ouvimos à nossa volta pode ajudar-nos a desenvolver “âncoras” muito úteis para voltarmos ao momento presente. Por isso, torna-se uma excelente ferramenta que nos pode ajudar a lidar e gerir com um momento de crise e/ou catástrofe como aquele que estamos a viver.


Mas então, o que é isso do Mindfulness? Vejamos…


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Na tradição budista, o mindfulness faz parte do caminho para compreendermos a natureza do sofrimento e como nos podemos libertar dele. Ajuda-nos a tomar consciência das nossas vulnerabilidades, desafios e sofrimento e a trabalhar com esses também nossos aspetos. Podemos dizer que o mindfulness é a consciência que surge quando prestamos deliberadamente atenção à nossa experiência, ao que estamos a viver no momento presente e sem tecer julgamentos.


Existem três elementos que compõem a prática do mindfulness e que representam um sistema integrado que nos oferece o potencial de desenvolver insight e novas perspetivas, além de promover a transformação pessoal:


- o desenvolvimento de uma consciência atenta através de uma combinação de prática sistemática e informal;


- uma estrutura de atitude caracterizada por bondade, curiosidade e vontade de estar presente com o desenrolar da experiência;


- uma profunda compreensão da natureza do sofrimento.


A prática do mindfulness foi alargada além do seu contexto budista original e usada como uma técnica em várias estruturas de psicoterapia, incluindo Terapia Cognitiva Baseada no Mindfulness (Minfulness-Based CognitiveTherapy - MBCT) ou a Redução de Stress Baseada no Mindfulness (Mindfulness-Based Stress Reduction - MBSR).


Na terapia baseada no mindfulness (MBCT) acredita-se que o bem-estar é composto por muitos e diferentes componentes da nossa vida, como o equilíbrio mental e emocional. Quando falamos de utilizar o mindfulness para a redução do stress, colocamos a ênfase do processo na mudança da relação que criamos connosco mesmos e com o mundo, no sentido de nos sentirmos e vivermos a nós próprios, em vez de aprender um conjunto de técnicas ou estratégias, apenas. No fundo, o objetivo da prática de mindfulness é que consigamos aprofundar e transformar a nossa capacidade de apreciar “a totalidade da catástrofe”. Com isto queremos dizer, transformar a nossa capacidade de apreciar a nossa vida como um todo, a sua preciosidade, riqueza e inclusive a sua “pungência” e “mordacidade”, por mais doloroso que seja.


A prática do mindfulness é como cultivar um jardim. Um jardim floresce quando certas condições estão presentes. Tendo em mente as seguintes 7 qualidades, refletindo sobre elas, cultivando-as de acordo com a nossa melhor compreensão - esse esforço nutrirá, apoiará e fortalecerá a nossa prática. Manter estas atitudes em mente faz parte do treino de mindfulness, sendo uma boa forma de canalizar as nossas energias no processo de crescimento. É bom lembrar que estas características são interdependentes e influenciam-se mutuamente, pelo que trabalhar uma delas ajuda a aprimorar todos as outras:


1. Não julgar;

2. Ser paciente;

3. Nutrir uma “mente de principiante” (no sentido em que nunca sabemos tudo o que há para saber e o mundo – tal como nós – tem tanto para ser descoberto);

4. Ser confiante;

5. Viver sem esforço;

6. Aceitação;

7. Deixar estar e ser as coisas como estão e como são.


O mindfulness pode ser pratica de duas formas: através de uma prática formal e de uma prática informal.


A prática formal foi desenhada para permitir que cada um de nós tire um tempo do seu dia para se dedicar ativamente à prática. Essa prática não exige muito tempo, mas exige que nos desliguemos do ambiente e nos concentremos no nosso interior. Para este tipo de prática, podemos escolher uma ou duas atividades por dia e dedicar 10 a 15 minutos à reflexão sobre todas as partes da nossa vida: felicidade, tristeza, sucessos, desafios, dor, alegrias...


Dicas de como colocar esta prática “em prática”:

• Faz 5 a 10 minutos diários da prática de treino de respiração;

• Mantém registos diários da tua prática. Inclui o que fizeste em cada exercício e faz breves comentários sobre o quê e como te sentiste durante o exercício;

• Tenta manter-te consciente das reações ao stress que vais tendo durante a semana;

• Observa o que está a acontecer se e quando te sentires "preso" ao stress e à ansiedade (preso à reatividade que o stress causa e incapaz de te libertares de forma alguma);

• Todos os dias da semana tenta praticar um dos sete fundamentos da prática da atenção plena.


A prática informal, por sua vez, foi projetada para permitir que recuperemos a concentração novamente durante o dia. São atividades breves que demoram apenas breves momentos, mas fornecem um check-in necessário quando as coisas já se estão a tornar excessivamente stressantes. Faz este tipo de atividades de mindfulness sempre que puderes ou que sentir que precisas:


• Sintoniza-te com a tua respiração 4 ou 5 vezes durante o dia e atenta a um ou dois ciclos completos de respiração;

• Come uma refeição conscientemente esta semana – senta-te, olha o teu prato e pensa sobre o que está à tua frente e como te sentes ao apreciar essa refeição;

• Escolha uma atividade "rotineira” (que faças todos os dias e que é geralmente executada no modo piloto automático, como por exemplo lavar os dentes, tomar banho, lavar a louça) e faz essa tarefa de uma forma mindfull durante uns dias (observando e descrevendo o que os teus sentidos te estão a dizer – que sons ouves, que cheiros sentes, o que vês, em que tocas e qual a sensação dessas coisas, que sabores sentes…).

• Tenta prestar alguma atenção ao que colocas no teu corpo: quanto, de onde vem, porquê, que reações e efeitos te causa. E aqui não falamos apenas de comida, mas também de tudo o que captamos através dos olhos, ouvidos e nariz - TV, jornais e revistas, livros, música, o ar que respiramos, etc.


O meu desafio é que experimentes Estar Mindfull durante a próxima semana, colocando em prática estes princípios e sugestões de atividades e comportamentos a adotar e no final me contes como foi a tua experiência!

 
 
 

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