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Vamos falar sobre Fome Emocional

  • Foto do escritor: Carina Rodrigues Nave
    Carina Rodrigues Nave
  • 9 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Hoje escolhi a Fome Emocional como tema desta nossa conversa. Sei que é um impulso que incomoda muita gente, e neste leque, mais uma vez, me incluo a mim própria! (Parece que também eu sou uma Pessoa! E como tal, com um monte de problemas e dificuldades me apresento para vós!)


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“Fome Emocional” … já o nome faz referência a uma necessidade de comer que não está relacionada com razões de fome fisiológica. Esta surge relacionada com estados emocionais que queremos gerir, como a ansiedade, o stress ou a frustração.

Ainda que, à priori, a fome emocional não tenha um sentido biológico ou adaptativo, é inegável a relação entre a comida e o ato de nos alimentarmos com a gestão emocional; por exemplo, toda a gente já foi atacar o frigorífico e procurar um petisquinho porque se estava a sentir aborrecido! Isto pode não ser algo problemático se for esporádico, mas se se instalar como uma estratégia habitual para regular as emoções, então torna-se um problema… A fome emocional é um dos principais fatores associados ao aumento de peso.

São várias as teorias explicativas que nos podem ajudar a compreender como é que transformámos a comida numa estratégia de regulação emocional. Uma delas é a que relaciona o papel da comida durante o ciclo vital, onde a fome emocional é considerada um processo de aprendizagem que começa ao nascer: a primeira coisa que se faz com um bebé é amamentá-lo. Isto transmite ao bebé sensações de segurança, proteção e conforto, que se marcam associadas ao ato de comer.

Da mesma forma, durante a infância, premiamos com guloseimas e castigamos “sem sobremesa”. Durante a idade adulta, as comemorações de qualquer índole continuam associadas à alimentação e a grandes e admiráveis banquetes! (Aí está o Natal a chegar, excelente exemplo!)

Agora a comida já não tem apenas um papel fisiológico, mas sim emocional, e adquire um papel protagonista quando procuramos sentir-nos bem. Associamos a comida a emoções positivas e esta associação permanece com o tempo. Graças a este processo de associação contínua e aprendizagem, perante emoções negativas como frustração, tristeza, zangas, preocupações... recorre-se à comida numa tentativa de recuperar as sensações positivas às quais esta vem desde cedo associada.

Os excessos alimentares surgem, a curto prazo, como uma solução para “sossegar” a tristeza ou outras emoções negativas. mas a médio e longo prazo, a conversa muda um pouco…. Tenhamos em conta que a imagem corporal das pessoas com excesso de peso tende a ser negativa e associada a sentimentos de pouca eficácia pessoal e insegurança. O mais seguro, confrontando-nos com estes pensamentos negativos, é recorrer novamente à ingestão compulsiva, criando-se desta maneira um círculo vicioso, em que comemos para nos sentir melhor, no aqui e agora, mas mais tarde sentimo-nos cada vez pior. Comemos mais um pouco, o que ajuda a aliviar a tensão…e lá vem outra vez a culpa e a frustração… e assim podíamos continuar!

Outro dos motivos pelo qual aprendemos a comer emocionalmente é porque, quando estamos a comer, concentramo-nos nesse processo e, portanto, os outros problemas passam a um segundo plano. ainda que comer não ajude a que o problema desapareça, faz com que a tensão emocional se dissipe. Por outro lado, alguns alimentos – pela sua própria natureza – fazem com que uma pessoa se sinta melhor quando come (por exemplo, o chocolate). São alimentos que contêm triptofano, um aminoácido essencial a partir do qual se sintetiza a serotonina, um neurotransmissor que produz a sensação de bem-estar e descontração.

Combater a fome emocional pode ser uma verdadeira luta!!! Vivo nela há mais de 10 anos e, ainda hoje, é difícil controlar esta tendência. Pode ser um processo que exige MUITO de nós próprios num caminho que podemos não ser capazes de fazer sozinhos! Na minha opinião, e tendo em conta que se trata de um processo de aprendizagem a que fomos submetidos desde cedo, implica mais uma alteração da nossa relação com a comida do que propriamente uma alteração de hábitos alimentares. E é aí que este se transforma num caminho cheio de obstáculos e encruzilhadas…

Por isso, se estás nesta batalha, sabe que não precisas de a viver sozinho!

Junta-te a mim!

Carinhosamente, Carina

 
 
 

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