Vamos falar sobre Ansiedade
- Carina Rodrigues Nave
- 9 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
“Sinto como se tivesse dentro de mim um relógio maluco, que anda a uma velocidade louca, nunca acalma…”
Um dia ouvi esta frase de uma pessoa “ansiosa”. E de facto, consegui imaginar o que seria se eu própria vivesse com esse relógio maluco. Que não nos deixa concentrar “no mundo lá fora”, que gira sem parar e nos aprisiona nas nossas preocupações, “cegando-nos” para o mundo, para vida.

Ansiedade é sentir sentimentos desconfortáveis de nervosismo, preocupação e tensão, que toda a gente sente de vez em quando. A ansiedade pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, género, ou qualquer outra característica pessoal. Afeta os pensamentos, as reações físicas, o humor e os comportamentos. Também pode causar sensações de medo e pânico e, por isso, impedir-nos de fazer algumas coisas.
Ainda assim, a ansiedade é uma resposta normal à presença de ameaças, e em algumas situações pode até ser útil, preparando-nos para a ação! Um nível ótimo de ansiedade pode ajudar a melhorar a nossa performance em determinadas situações. O problema acontece quando a ansiedade é sentida demasiadas vezes, sem razão aparente, e começa a interferir demasiado com a nossa vida.
As razões que fazem a ansiedade tornar-se um problema são inúmeras e podem variar de pessoa para pessoa. A ansiedade como um problema pode surgir:
➔ Depois de um longo ou intenso período de stress e preocupação;
➔ Como resultado de eventos de vida stressantes e desagradáveis (como por exemplo a morte de um ente querido, uma doença grave, terminar um relacionamento, entre outros);
➔ Como resultado das nossas experiências de vida e de como aprendemos a lidar com elas;
➔ Depois de uma sequência de pensamentos negativos, tais como “não consigo fazer isto” ou “vou desmaiar”;
➔ Quando nos falta a confiança ou a autoestima;
➔ Depois de estar envolvido num acidente ou experiência ameaçadora, o que pode resultar em sentimentos de ansiedade na próxima vez que estivermos em situações semelhante;
➔ Depois de um período de depressão onde perdemos a confiança, embora possamos sentir-nos ansiosos e deprimidos ao mesmo tempo
Portanto, o nosso estado de humor e as nossas experiências de vida prévias afetam a nossa forma de processar um determinado acontecimento no presente.
Perante uma determinada situação, é ativada uma crença “e se…” que surge de forma automática no nosso pensamento, que é indesejada e parece incontrolável (ruminação). Surgem então crenças sobre a preocupação e de como ela pode ser positiva ou negativa.
Por sua vez, essas crenças acerca da preocupação revelam-se em ansiedade excessiva, com consequente evitamento cognitivo e uma pobre orientação para o problema, gerando uma intolerância da incerteza, transformando-se assim no ciclo vicioso da preocupação.
Independentemente de a preocupação ser despoletada por algo interno ou externo, uma questão “E se…” inicial aparece na mente, e provavelmente virá acompanhada de alguns sintomas físicos e emocionais desconfortáveis (ex. tensão, borboletas, etc.).
As crenças positivas acerca da preocupação farão responder à questão inicial “E se…” com mais preocupação e pensamentos negativos porque acreditamos que isso é algo positivo a fazer. Assim, damos mais tempo e atenção aos pensamentos negativos, criando uma bola de neve.
A atenção fica bloqueada nessas preocupações – essa atenção desajustada vem acompanhada de uma sensação de ficar preso nas preocupações, ou incapaz de se focar em coisas mais úteis, o que alimenta ainda mais as preocupações.
Agora, se continuarmos a preocupar-nos, iremos focar-nos mais em preocupações acerca de nos preocuparmos tanto e no quão incontroláveis e prejudiciais as nossas preocupações são - isto acontece porque trazemos connosco crenças negativas acerca da preocupação, de que esta é tanto perigosa quanto incontrolável.
Uma vez que consideramos a preocupação algo mau e odiamos não ser capazes de a controlar, desenvolvemos estratégias desadequadas na tentativa de parar as preocupações. Infelizmente, ao tentar tanto fazê-lo, acabamos por nos preocupar ainda mais.
Existem inúmeras teorias, técnicas e estratégias que ajudam a compreender e a controlar a ansiedade. Já falei anteriormente acerca dos benefícios de procura ajuda especializada para lidar com outros problemas. A ansiedade não é exceção. Se está a passar por estas dificuldades, procure ajuda! É possível sair deste estado de inquietação e preocupação constante e conseguir alcançar uma vida mais saudável, equilibrada e feliz!
Carinhosamente,
Carina
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